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ST 01 - História política: o percurso contemporâneo como oportunidade de pesquisa.

Coordenadores: Dr. Cleberson Vieira de Araújo (UFERSA) e Dr. Juvandi de Souza Santos (UEPB).

Para além de fomentar discussões sobre a importância da política para a história, esse Simpósio Temático visa congregar pesquisas finalizadas ou em andamento que apresentem discussões, e mesmo resultados, sobre os entendimentos acerca da contemporaneidade, especialmente aquelas que versam sobre política e demais temas relacionados, de forma a promover o debate frutífero e amplo ao diálogo coma  historiografia e demais problematizações no campo do ensino, aprendizagem, bem como de impactos sociais e culturais. E, enquanto política esse ST entende a arte ou ciência da organização, direção e administração de nações ou Estado, bem como a aplicação desta ciência aos assuntos internos ou externos de uma nação e o seu potencial de contribuição para a história. Atualmente essa temática vem tomando grandes proporções devido o momento conturbado pelo qual passa o Brasil, necessitando, dessa forma, melhores e maiores discussões, sendo a academia um dos lugares propícios para este tipo de aprofundamento através de debates oriundos de pesquisas.

ST 02 - História intelectual e história da historiografia brasileira nos séculos XX e XXI: trajetórias e escritas de si.

Coordenadores: Daiane Vaiz Machado (FCHS/UNESP) e Otávio Erbereli Júnior (IEB/USP).

 

Os estudos que tomam por objeto a vida intelectual, compreendendo os sujeitos e suas produções, vêm progressivamente alimentando-se dos questionamentos e problematizações acerca dos modos de fazer historiográfico e de ser historiador suscitados em meados dos anos 1970 (WHITE, 1973; CERTEAU, 1975; VEYNE, 1971). No que tange a conjuntura historiográfica brasileira, desde as duas últimas décadas, assistimos a um excepcional desenvolvimento dos estudos da área de teoria da história, história intelectual e história da historiografia, o que desencadeou a fundação de uma associação (Sociedade Brasileira de Teoria e História da Historiografia – SBTHH, fundada em 2009), de um periódico (História da Historiografia – fundado em 2008) e de tentativas de se pensar a história da historiografia como disciplina autônoma (ARAÚJO, 2006; 2013; TURIN, 2013).
Assim, a proposta desse Simpósio Temático é reunir pesquisadores e pesquisadoras em diversos estágios de formação, que privilegiem o estudo de trajetórias intelectuais, especialmente de historiadoras (MACHADO, 2016; LIBLIK, 2017; ERBERELI JÚNIOR, 2016) e que problematizem processos de escrita de si e suas injunções com a produção historiográfica (GOMES, 2004), notadamente a partir da mobilização de acervos pessoais (TRAVANCAS; ROUCHOU; HEYMANN, 2013). Nesta perspectiva, também gostaríamos de acolher trabalhos que interroguem questões de gênero (SCOTT, 1983; 1990; SMITH, 2003), etnia, raça e classe na produção do conhecimento histórico em diálogo com os estudos decoloniais (SPIVAK, 1985; LUGONES, 2004; VARIKAS, 2016; FEDERECI, 2017).

ST 03 - História e sensibilidade: políticas, escritas e afetos.

Coordenadores: Dr. Francisco Dênis Melo (UVA) e Me. Thiago Braga Teles da Rocha (Doutorando UFPE).

 

Este simpósio temático tem como objetivo colocar em diálogo pesquisas que problematizem o saber histórico a partir do campo das sensibilidades, com seus nós e enlaces junto às distribuições de signos e sentidos e seus poderes de afeto. Entendemos a História, junto a Albuquerque Júnior (2007), “[...] como arte de inventar o passado, a partir dos materiais dispersos deixados por ele” (p. 64). Onde estão os “materiais dispersos”? Vemos? Ouvimos? Cheiramos? Tateamos? Se estudamos, como afirma Bloch (2001), “os homens [e mulheres] no tempo” (p. 55), e devemos ser como os “ogros da lenda” (p. 54), a fim de produzir uma escrita, devemos entender o conhecimento histórico dentro de sua peculiaridade, a de estar nas travessias entre ciência e arte. Há arte sem sentidos? Por que não fazer uma história a partir do coração? Dos corpos em contínuo movimento, em estado de repouso, a ocupar espaços, sonhos e desilusões? A gerir perspectivas de mundo, criar sensibilidades experimentando a mistura portanto, do tato, ouvido e da visão, fazendo da História um campo em constante fabulação e invenção? E assim, pensar a escrita, “arrancada, pelo poder de algumas palavras e algumas frases, à obscuridade do mundo” (RANCIÈRE, 1995, p.13), e sua relação humana, social, a abrir fendas, desvãos, nos modos de viver e sentir em tempos e espaços, procurando entender “os modos de discursos e um modo da comunidade” (RANCIÈRE, 1995, p. 15). A terceira fase da operação historiográfica, a escrita, não pode, como nos alerta Certeau (2010, pp. 65 a 119), ser entendida como uma produção desprovida de seletividades, intencionalidades, de escolhas. Como nos aponta Rezende, “As narrativas são como espelhos que nos revelam identidades complexas” (2010, p. 25). Escrever é uma atividade política, presente também na literatura ficcional e em outros dispositivos discursivos. Tem camadas de sentido. A distribuição de símbolos vai além de tinta e papel, se estende por uma variedade de produções de espaço, de sentidos e sentimentos, como nos aponta Henri Lefebvre (2013). Ora, a escrita (historiográfica ou não), com sua carga semântica, de ordenação de sentidos e significados, tem a possibilidade de afetar o outro, pois, “Um exercício de poder aparece como um afeto, já que a própria força se define por seu poder de afetar outras forças e de se afetada por outras forças” (DELEUZE, 2013, p. 79). Ainda lembramos que “O afeto histórico está ligado à ausência que se definem as posições do discurso histórico” (RANCIÈRE, 2014, p. 97). Que afetos estão nos materiais dispersos, cheios de cheiro, de cores, de formas, de sabores, de carne humana? Que enganos e convicções, crenças e desilusões há através do saber histórico? Concordamos com Pesavento (2004) que nesse desafio repousa um charme próprio da atividade do historiador.

ST 04 - O Oitocentos na periferia do império: perspectivas em debate.

Coordenadores: Eylo Fagner Silva Rodrigues (UFC) e Dhenis Silva Maciel (SEDUC-CE).

Este Simpósio Temático propõe abordar o Oitocentos a partir da história social, articulando para isso estudos que analisem aquele contexto desde vieses diversos, em especial os pertinentes às experiências dos sujeitos de classes subalternas, promovendo olhares múltiplos para questões como a doença, migração, gênero, trabalho (compulsório, escravo e livre), cultura política, indígenas, instituições de assistência, seca, fome. Intentando promover olhares que propiciem a análise plural deste período da história nacional, atentamos para a importância de não compreender o oitocentos como um marco meramente cronológico, mas sim, em uma leitura de longas durações e de mentalidades, perceber o espraiamento deste. Tendo por premissa central o olhar para os setores menos abastados da sociedade de modo a compreender como faziam e eram feitos em meio aos elementos da cultura política, religiosa, das relações de trabalho e interações sociais, das construções e desconstruções de espaços de poderes e saberes no século XIX.

ST 05 - Narrativa, memória e cultura histórica.

Coordenadores: Douglas Attila Marcelino (UFMG) e Francisco Regis Lopes Ramos (UFC).

 

Esse simpósio temático pretende reunir trabalhos com temas diversos, mas que podem ser compreendidos por meio da chave de leitura da narrativa, da memória e da cultura histórica. Esse é o caso, por exemplo, das pesquisas sobre literatura, narrativa e autoria; comemorações, práticas cívicas e ritualizações do passado; história intelectual, história da historiografia, instituições de saber e práticas letradas; constituição histórica das coleções, museus, bibliotecas e patrimônio histórico; formas de divulgação e ensino de história. Serão aceitos, portanto, os estudos sobre as diversas práticas e instituições vinculadas aos usos do passado característicos de uma determinada cultura histórica. Justificativa: As formas de tratamento do tema da narrativa e da memória pela historiografia contemporânea têm suscitado trabalhos diversificados e que dialogam com autores como Michel de Certeau, Maurice Halbwachs, Fernando Catroga, Paul Ricoeur, Joël Candau, Aleida Assmann, Paul Connerton, entre muitos outros. Apesar das diferenças entre as análises oferecidas por esses autores, alguns deles têm chamado atenção para as aproximações entre literatura, história e memória, o que significa destacar as relações de mão dupla entre essas duas formas de conferir sentido ao passado. Isso não só porque a própria memória é um campo de estudos bastante profícuo e sobre o qual os historiadores vêm se ocupando há algum tempo, mas também porque a própria produção historiográfica funciona como fonte legitimadora e produtora de memórias e tradições. A Modernidade acentuou isso, especialmente o século XIX, a partir da formação da memória nacional. Mas o contrário também é verdadeiro: a memória é reescrita pelo modo como a historiografia investiga e as suas conclusões são difundidas. Sendo assim, a historiografia, com suas escolhas e esquecimentos, também fabrica novas memórias, contribui para o apagamento de memórias anteriores e para a (re)fundação de novas tradições. Dessa forma, consideramos que pensar as relações entre narrativa, história, memória e cultura histórica significa entendê-las a partir de uma “história da história”, o que pressupõe pensar as diversas formas e vias a partir das quais o passado é apropriado e significado. Tal enfoque permite considerar como objeto de estudo tanto as representações do passado elaboradas pelos historiadores, quanto a maneira como ele é significado, construído e reconstruído pela memória de diferentes indivíduos e grupos, ou ainda por meio do ensino em seu sentido amplo. Nesse caso, nos referimos aqui não só à história ensinada no ambiente escolar, mas também aos rituais, às festas, às bibliotecas, museus e exposições, narrativas de ficção, que também podem ser entendidos como espaços pedagógicos, de significação do passado e de escrita da história.

ST 06 - Escrita da História e História da Literatura.

Coordenadores: Rodrigo Alves Ribeiro (UFC) e Gilberto Gilvan Souza Oliveira (Doutorando PPGH-UFC).

 

A escrita da história é o exercício que evidencia o ofício do historiador. Assim sendo, a produção historiográfica obedece a critérios e procedimentos que desvelam fundamentos teóricos e recursos de linguagens recorrentes ao modo do historiador de fazer história. Considerando esses aspectos, propomos, a partir das perspectivas da história cultural, analisar os meios de elaboração e recepção de um texto historiográfico, suas contribuições epistemológicas e conexões com a literatura. Para tanto, problematizaremos textos de intelectuais cujas trajetórias de escrita fizeram-se, ou melhor, são interpretadas no trânsito entre a história e a literatura, a exemplo de Paulo Prado, Rachel de Queiroz e Gilberto Freyre. O Simpósio Temático aqui sugerido tem o intuito, portanto, de promover uma incursão através da história da literatura, da historiografia literária, da teoria da história, da história do livro e da leitura e da crítica literária.

ST 07 - História e Quadrinhos.

Coordenadores: Daniel Camurça Correia (UNIFOR).

Busca-se com este Simpósio Temático elaborar problemáticas em torno da produção, tanto do século XX quanto do XXI, sobre quadrinhos, desenhos animados, seriados, tirinhas e filmes voltados, principalmente, para o público infanto-juvenil. A produção midiática de HQs, assim como de animações aumentou nos últimos anos. Em busca de novos mercados, assim como na intenção de produzir novos consumidores, o número de mercadorias, seja de origem norte-americana, japonesa ou europeia, cresceu exponencialmente. Neste ST, as mídias serão discutidas como fontes e metodologias, pelas quais será possível rastrear e analisar intenções, subjetividades, produção de mercadorias e sensibilidades, como também a elaboração de novos valores sociais, em uma sociedade em que o Estado, a família, a igreja e a escola não são mais referenciais culturais fundamentais. A tônica principal é elaborar reflexões, principalmente dentro da história, sobre como entender a mecânica do presente a partir destes materiais, no intuito de problematizar imagens e discursos dominantes, muito vezes elaborados, no intuito de potencializar sentidos de dominação cultural, política e econômica.

ST 08 - Teoria da História e História da Historiografia.

Coordenadores: Ana Lorym Soares (UFG); Ruben Maciel Franklin (Unilab); Eduardo Henrique Barbosa de Vasconcelos (UEG).

 

Neste Simpósio Temático objetivamos reunir trabalhos que abordem as diferentes perspectivas de produção e circulação do conhecimento histórico. A História, enquanto disciplina, reflete sobre seus fundamentos teóricos e epistemológicos conectada com suas formas de organização curricular e modalidades de intervenção da e na sociedade. Portanto, questões relativas aos conceitos, métodos, objetos e sujeitos envolvidos na escrita da história, encontrarão acolhida neste Simpósio Temático, da mesma maneira que reflexões sobre instituições de pesquisa, divulgação e ensino de História de modo geral. O intuito maior é contribuir para a reflexão urgente sobre os diferentes modos de fazer História e se relacionar com ela em diferentes épocas e contextos. Diante disso, além dos enfoques que incidem na escrita da história, como as relações e tensões entre história e verdade, história e memória, história e representação, história e ficção, história e temporalidades, abrimos espaço para debates em torno do papel social do historiador, dos horizontes de divulgação da história ensejadas pela história pública, pela relevância interseccional dos conceitos de raça, classe e gênero na escrita e recepção da história enfatizados pelas teorias feministas, giro decolonial e o pensamento afrodiaspórico, entre outros.

ST 09 - Memória/História: novas perspectivas.

Coordenadores: Eduardo Gusmão de Quadros (PUC-Goiás/UEG) e Rodrigo Tavares Godoi (UFRondônia - UNIR).

Constituir objetos de pesquisa requer do historiador competência teórica e metodológica a fim de justificar pertinência e validação de perspectiva. Lidar com condição de histórias possíveis exige racionalizar as relações entre fonte e interpretação. Desse modo, os objetos de pesquisa compreendidos a partir de determinados padrões orientadores impõem racionalizar temporalizações assimétricas dependentes de conceitos e categorias. Não poderia ser diferente no caso da relação memória/história. A barra que separa os dois termos constitui-se realmente uma barreira que coloca em tensão a passagem para a relação de significado e sentido. Romper essa resistência ou reforçá-la demanda clareza na natureza da pesquisa capaz de legitimar sua pertinência pragmática. Nesse momento, nosso interesse é reunir pesquisas diretamente ligadas à problemática memória/história. Lidar com as tensões e resistências implica em novas perspectivas diante diálogos transdisciplinar e metahistória possibilitando repensar o tempo e os usos do passado. Duas categorias importantes para o trabalho do historiador que necessita concentrar-se nas relações múltiplas do tempo e experiência histórica. Inevitavelmente uma relação entre mundo e linguagem. Nesse ínterim, problemas quanto aos regimes de signo, ficção, retórica, estética e vivência, congregam uma gama de discussões que recolocam em debate a relação entre experiência e historicidade. Que os debates se façam e que a barra resista, se desfaça ou flexibilize-se.

ST 10 - História e Literatura na América Latina.

Coordenadoras: Ana Amelia M. C. Melo (UFC) e Irenísia Torres de Oliveira (UFC).

O propósito deste Simpósio é o de realizar um debate em torno das interfaces entre História e Literatura na América Latina. A proposta busca, a partir de um ponto de vista interdisciplinar, colocar em discussão os sentidos e interpretações que um texto literário constrói sobre determinada realidade social. Como nos fala Antonio Candido, a obra literária “depende do artista e das condições sociais que determinam sua posição”, portanto não é ela unicamente fruto de uma iniciativa individual e abstrata, mas surge da confluência das condições sociais e individuais. Portanto, uma obra literária pode nos fornecer elementos ricos para compreensão das relações sociais, das visões de mundo, sobre a cultura etc. Por outro lado, interessa também ao historiador examinar como a produção literária interage nos contextos sociais e culturais, desde uma perspectiva da recepção crítica e do debate intelectual que determinada obra gera. Destacamos o interesse, desde um ponto de vista histórico, em examinar a questão a partir de três dimensões importantes: a formação de um campo intelectual e letrado; o lugar do impresso na difusão de ideias; e a literatura como produção social. Procuramos aqui conhecer o grupo social formado por escritores e intelectuais, suas redes de sociabilidades, suas formas de atuação, suas posições, as relações políticas e de poder. Igualmente trata-se de refletir sobre a produção intelectual, a saber, o texto em seus diversos formatos, a literatura, os experimentos editoriais, a escrita militante, etc. A perspectiva dos estudos que pretendemos reunir busca examinar as conexões e vínculos ideológicos no qual escritores e intelectuais estão situados, os impressos onde atuam e manifestam suas posições e ideias, o debate político. Da mesma forma que a literatura, entendida aqui como constituinte/constituidora de um complexo ideológico e cultural que elas representam e problematizam. Finalmente realçamos a importância de pensar estas questões na América Latina como um todo, dialogando com uma profícua reflexão sobre nossa história e cultura comuns.

ST 11 - História e Saúde: experiências, memórias, sociedade, cultura e poder.

Coordenadores: Cláudia Freitas de Oliveira (UFC) e André Luiz Dutra Fenner (FIOCRUZ- Brasília).

 

O Simpósio Temático objetiva fortalecer diálogos no campo de pesquisa História e Saúde, inserido na construção de novas temáticas, abordagens e tendências da investigação histórica e consolidado nas últimas décadas em eventos acadêmicos nacionais, promovidos por entidades representativas da produção do conhecimento histórico. A proposta é discutir as experiências, trajetórias e memórias, na relação entre história e saúde, em interface com a história, demais disciplinas e áreas do conhecimento. Voltado para a dimensão da relação entre cultura e poder, o ST visa potencializar o campo histórico-historiográfico, observando os diálogos documentais, a construção teórico-metodológica da pesquisa em distintos espaços e temporalidades sobre o objeto saúde. Em perspectiva trans e multidisciplinar, objetiva-se oportunizar a apresentação de trabalhos de estudiosos a partir de arcabouços conceituais, teóricos e metodológicos específicos, por meio da apresentação de projetos de pesquisa e de intervenção, em dimensão social, relativos a distintos sujeitos em seus territórios e imersos em suas culturas. Em seu sentido mais amplo, o ST propõe promover troca de experiências, proporcionar encontros, desenvolver interfaces e fortalecer redes de pesquisadores, a partir de referenciais teórico, metodológicos e empíricos próprios e articulados com a relação entre História e Saúde.

ST 12 - Cultura política e violência(s) de estado no Brasil e América Latina.

Coordenadores: Dr. Francisco Alcides do Nascimento (UFPI) e Dra. Sabrina Steinke (UFPI).

Este simpósio temático tem como objetivo reunir trabalhos que tratem de regimes ditatoriais no Brasil e/ou América Latina, por meio do viés da cultura política como chave analítica para compreender a complexidade de processos históricos que plasmam política e violência(s) perpetradas pelo Estado. O debate que pretendemos é o de um movimento duplo: analisar a historicidade de eventos traumáticos ao mesmo tempo que discutimos direitos humanos e políticas públicas de memória. As violências se entendem como todas as formas de coerção aplicadas pelos agentes estatais, tais como: sequestros, tortura, desaparecimento, morte, ocultação de corpos. E também as violências institucionais: censura, alterações na legislação, políticas de ensino. A proposta se justifica em decorrência da atual conjuntura, onde por falta e/ou impedimento de políticas de memória muitas questões acerca do regime civil-militar ainda precisam ser pesquisadas, que reverberam na atual ascensão de setores sociais que reivindicam o retorno de um regime militar que interrompa a nossa democracia, ainda em processo de transição. Os textos podem estar inseridos nos seguintes campos: tempo presente, memória, história pública, cultura política.

ST 13 - O Mundo Atlântico: colonização, sertões e fronteiras (séculos XVI ao XIX).

Coordenadores: George Felix Cabral de Souza (UFPE) e Rafael Chambouleyron (UFPA).

Pretendemos reunir neste Simpósio Temático comunicações de resultados de pesquisas dedicadas à experiência da colonização da América portuguesa, do início do século XVI a princípios do XIX. A ampliação dos horizontes teóricos e a massiva disponibilização de documentação primária têm permitido um considerável avanço qualitativo e quantitativo em nosso campo de investigação. Nosso objetivo é aprofundar a reflexão sobre as múltiplas conexões e especificidades que permitiram formar os heterogêneos territórios das conquistas portuguesas da América. Buscamos uma melhor compreensão das diversas dinâmicas, tanto internas como externas, que deram sentido a ocupação dos espaços que constituíram a posteriori o Brasil. Consideramos de essencial importância a análise das áreas interiores – os diversos sertões – bem como as fronteiras em seus diversos significados e contextos. As conexões entre as margens atlânticas também poderão ser enfocadas. Este Simpósio Temático está aberto ao debate para pesquisas inseridas num amplo espectro de abordagens, abarcando aspectos da cultura, da sociedade, do mundo do trabalho e da economia coloniais.

ST 14 - História agrária e deslocamentos: terra, trabalho e migrações.

Coordenadores: Dr. Francivaldo Alves Nunes (UFPA) e Drª. Cristiana Costa da Rocha (UESPI).

Este Simpósio Temático tem por objetivo discutir as questões relacionadas às interfaces da história social com a história política, agrária e ambiental no Brasil, nos recortes regionais. A organização, e apropriação, do espaço e o seu impacto sobre os grupos sociais articulados em torno da sua exploração. As políticas de estado voltadas à questão da territorialidade. A utilização do território pelos indivíduos, envolvendo as práticas sociais, ambientais e políticas. As pesquisas em torno da fronteira interna, englobando discussões sobre as questões fundiárias, as terras indígenas e “comunais”, e as relações de poder nas áreas de expansão. As temáticas em torno das migrações internas e dos projetos de colonizações para a Amazônia. O Simpósio Temático em tela orientado pelas questões que envolvem a História Agrária tem, portanto, na terra, trabalho e migrações temáticas centrais de discussões. A proposta é coerente com as atividades desenvolvidas por pesquisadores de diversas regiões do país, responsáveis por discussão de pesquisa nos encontros acadêmicos em eventos nacionais e em congressos de âmbito regional, relativos ao campo dos estudos agrários. Trata-se de uma oportunidade em congregar estes estudiosos com o propósito de fortalecer os grupos de pesquisa em formação e firmas os consolidados. Neste aspecto, a realização deste Simpósio Temático se justifica por propiciar um espaço de divulgação e debate de investigações relativas à História Rural. A amplitude temática deste campo perpassa estudos sobre estruturas e processos produtivos no campo, formas de acesso à terra e aos bens naturais, relações produtivas e socioculturais, relações de trabalho no campo (escravidão, agregados e trabalho livre), legislação agrária e ambiental, conflitos agrários e disputas por legitimação de direitos, modos de dominação e resistência social, política e econômica no meio rural, processos de ocupação humana do espaço e de construção de paisagens agrárias e relações socioambientais ao longo do tempo. Estas questões não apenas serão debatidas, mas que deve permitir a construção de horizontes a serem seguidos pelo grupo de pesquisa.

ST 15 - Imprensa, impressos e história: circulação de saberes didático-intelectual nos séculos XIX e XX.

Coordenadores: Larissa Klosowski de Paula (UNIBF) e Adriana Aparecida Pinto (UFGD).

A imprensa e os impressos, como mencionado por Chartier (1998; 2001; 2003), consistem em espaços de disputas tanto no que se refere ao estabelecimento de padrões sociais de comportamento, perpetuando narrativas tradicionais, quanto na fuga de estereótipos, por meio de narrativas que usam desses espaços como forma de resistência; seja por meio da narrativa expressa ou nas “entrelinhas” dos conteúdos que carregam. Tais impressos, como ressaltado por Luca (2011), quando analisados enquanto fontes históricas, nas premissas de Saliba (2007), permitem a identificação das intencionalidades para a formação simbólica dos sujeitos, tornando-se, tal como mencionado por Salles (2014) acerca dos didáticos e por Melo e Ribeiro (2015) sobre as história em quadrinhos, disseminadores culturais e perpetuadores de determinadas formas de representação no imaginário social. Neste sentido, alinhando a construção dos campos simbólicos de representação com os estudos históricos solidificados na imprensa e expressos nos impressos, a presente proposta visa articular pesquisas que abordem a escrita da história a partir desse suporte, a saber: jornais, revistas, boletins, manuais didáticos e/ou escolares, história em quadrinhos, entre outros, que permitam identificar os usos da imprensa e dos impressos como formas de representação social. Para tanto, buscaremos acolher pesquisas que, utilizando os impressos como fonte e/ou objeto, abordem construções ou desconstruções dos diversos tempos históricos que se destinam, assim como demais pesquisas que tragam à luz o uso da imprensa como meio para compreender determinadas construções simbólicas de uma temporalidade.

ST 16 - História, cidades e práticas no/ do espaço.

Coordenadores: Antônio Luiz Macêdo e Silva Filho (UFC), José Maria Almeida Neto (UFC).

Este simpósio temático pretende reunir pesquisadores, em diferentes momentos de suas investigações, que tenham como principal objeto de pesquisa os espaços das cidades e/ou as práticas dos citadinos nas áreas urbanas. Entende-se que os espaços da cidade não se configuram de maneira neutra; pelo contrário, permitem compreender aproximações, tensões e conflitos de interesses entre os diversos grupos que os formam. Partindo desta premissa, a proposta se centra na tentativa de analisar as negociações envolvidas no cotidiano, na organização dos espaços urbanos e no correlato processo de atribuição de sentidos – sejam elas ações advindas do poder público ou iniciativas particulares. Esse constante processo denota a necessidade de historicizar os espaços urbanos e suas práticas reunidas em diferentes temporalidades, tanto em aspectos materiais como simbólicos. A materialidade da cidade indica estas negociações e disputas; noutro registro, seus traços simbólicos também as incorporam e revelam muito da relação conflituosa estabelecida com este espaço ou por meio dele. Busca-se colocar em debate as pesquisas daqueles que entendem a cidade como objeto histórico e não como cenário das ações, vista portanto como um produto sempre inacabado que requer um constante processo de construção e significação. Além disso, interessa debater as diversas conformações sociais e culturais que tornam a(s) cidade(s) este espaço de externalização de projetos, de discursos, de práticas que se constituem ao mobilizar várias camadas de tempo. Por se tratar de um campo interdisciplinar, esse diálogo não se restringe aos historiadores, mas se amplia aos pesquisadores das ciências humanas e sociais que percebem as cidades como lócus, por excelência, da compreensão e reflexão sobre as (re) configurações sociais e espaciais em constante transformação no mundo contemporâneo.

ST 17 - Religião, Política e Lutas Sociais no Brasil Republicano.

Coordenadores: Edilberto Cavalcante Reis (UECE/FECLESC) e Janilson Rodrigues Lima (UECE/FECLESC).

O simpósio temático busca reunir trabalhos que tratam da relação entre as práticas religiosas, e lutas sociais na história do Brasil republicano, na intenção de compartilhar reflexões e leituras que envolvam católicos e suas ações políticas. Tratando sobre o tema de forma ampla e diversa desejamos conhecer esses sujeitos que compõem a história da Igreja Católica e suas ações sociais e políticas no país. Buscamos com essa proposta divulgar e apresentar pesquisas já concluídas ou que estão sendo realizadas, que tem por objetivo analisar as fronteiras entre religião e política, sua relação com as elites, com as lutas populares e com movimentos sociais durante a história do Brasil República. Temos como base da discussão sobre política a obra organizada por René Rémond, “Por uma história política”, esta será entendida de forma ampla, envolvendo intelectuais, partidos, eleições, associações, mídia, ideias, religião, movimentos sociais, associações, com uma abordagem articulada à Nova História Política. Discutiremos novos objetos e também novas fontes para pensarmos e discutirmos sobre religião e sua relação com a política e as lutas sociais durante os anos da história do Brasil republicano.

ST 18 - Pelo direito à cidade: viver e sentir a história e a memória dos espaços urbanos no Brasil República.

Coordenadores: Claudia Cristina da Silva Fontineles (UFPI); Marcelo de Sousa Neto (UESPI).

Inserida em problemáticas múltiplas, a questão da ocupação e expansão das cidades brasileiras durante a história republicana tem despertado a atenção de pesquisadores de diversas áreas das Ciências Humanas, entre as quais a História se pronuncia entre as mais inquietas e férteis. Aproximar-se destas questões e de sua historicidade é o interesse central neste Simpósio, que visa discutir o processo de ocupação populacional das cidades brasileiras, bem como as estratégias de acesso à moradia e as formas de habitar e de sentir a cidade, privilegiando problemáticas que envolvam histórias, memórias e as maneiras de se envolver e se relacionar com o cenário urbano, seja pelas ações ou pela subjetivação do vivido. Dessa forma, os protagonistas do processo de organização e de significação dos espaços urbanos constituem-se em elementos privilegiados de análise do presente Simpósio, uma vez que ao colaborarem ou resistirem em relação aos novos espaços das cidades, em especial em suas periferias, onde suas “táticas do fraco” (CERTEAU, 1994), funcionam de forma mais efetiva, atribuindo à cidade significados e sociabilidades próprios em seu cotidiano, impressos em meio às diferentes maneiras de reação acerca do direito à moradia, à medida em que estabelecem maneiras de praticar, de viver e de sentir a história das referidas cidades, sejam elas consideradas grandes centros urbanos ou pequenas cidades interioranas. Assim, o Simpósio pretende permitir o debate, interlocução e circulação de pesquisas que se dediquem a investigar as cidades brasileiras e suas sociabilidades no tempo nas diferentes regiões do país, sobretudo nas diferentes maneiras de subjetivá-las nas formas de sentir, de falar, de escrever ou de representar o vivido e o ansiado nesses espaços praticados.

ST 19 - História e Historiografia ambiental na Pan Amazônia.

Coordenadores: Eurípedes Funes (UFC), Leila Mourão Miranda (UFPA) e Iane Maria da S. Batista (UFPA).

Este ST busca reunir estudos que refletem sobre processos e atividades de experiências humanas concretas na Pan Amazônia, na perspectiva de discutir os problemas metodológicos relacionados à elaboração da narrativa em história socioambiental sobre a Amazônia. Neste sentido, interessam, entre outros, os estudos relacionados aos aspectos socioambientais e naturais de formação histórica da região, como aqueles que se debruçam sobre os desafios socioeconômicos e culturais da sua sustentabilidade; das mudanças climáticas androgênicas; os movimentos sociais e a apropriação dos ambientes. Refletirá sobre a produção historiográfica que tem sido adotada como matriz interpretativa, orientadoras das narrativas sobre os temas: territórios, ambientes, sociedades, trabalho e movimentos sociais, na interpretação da história da Amazônia, em especial relacionada aos os processos produtivos e as relações de produção realizadas na apropriação e transformação da biodiversidade amazônica. Objetiva também discutir os principais problemas de pesquisa enfrentados pelo historiador ambiental e suas vinculações teóricas com as correntes metodológicas da contemporaneidade. Privilegiará, ainda, a relação entre o historiador e as fontes históricas: a revolução documental, o arquivo e o estatuto do testemunho histórico oral e escrito para a história Ambiental.

ST 20 - História e Historiografia do ensino de história: entre a consolidação e os novos desafios.

Coordenadores: Aryana Costa (UERN) e Margarida Maria Dias de Oliveira (UFRN).

A proposta deste ST visa construir um espaço de diálogo sobre os desafios de dar a conhecer e usufruir dos resultados de, pelo menos, 40 anos de produção historiográfica em ensino de História em um país diverso nas suas instituições, formas de divulgação do conhecimento e pluralidade de público que atua na pesquisa. Para além da consolidação, o campo do ensino de história enfrenta atualmente a pujança da sua produção e os desafios como espaço de atuação profissional. Com a multiplicação de programas de pós-graduação e de programas formativos que expandiram a área em termos quantitativos, os problemas de pesquisa também têm trazido novos desafios. Nos interessa, então, constituir nesse Simpósio um espaço onde convirjam debates que se preocupem em: como mapear os problemas de pesquisa, as fontes utilizadas, os recortes espaço-temporais privilegiados, a miríade de fundamentações teórico-metodológicas e as diferenças de públicos e objetivos das pesquisas em programas de pós-graduações acadêmicos e profissionais que tratem do ensino de História. Compreendemos que esta se configura como uma oportunidade para os vários sujeitos envolvidos com o campo do ensino de história como objeto de pesquisa no Brasil e o seu necessário olhar para além das nossas fronteiras buscando minorar um dos problemas já diagnosticado em nossa produção: o fato de ser exacerbadamente endógena.

ST 21 - Usos do passado, historiografia, ensino de história e aprendizagem no Brasil contemporâneo.

Coordenadores: Ana Carla Sabino Fernandes (UFC) e Felipe Ribeiro (UESPI).

O Simpósio Temático receberá propostas de trabalhos que apresentem pesquisas concluídas ou em desenvolvimento sobre as diversas formas e funções da história e dos conteúdos históricos, em situações variadas de ensino e aprendizagem, tendo como fonte e/ou objeto os usos políticos passado no Brasil Contemporâneo. São pertinentes também propostas de investigação que contemplem, direta ou indiretamente, as relações entre as políticas públicas para a educação básica no Brasil, seu debate público, historiografia e ensino de história, currículo escolar, literatura didática, formação docente em História e suas perspectivas. Neste sentido, o ST busca estabelecer diálogos sobre estudos históricos, historiográficos, reflexões empíricas no campo da história, do ensino de história, da história pública, da consciência histórica, do patrimônio e da didática da história, desde que devidamente articulados no afã de compreender as reconstruções significativas do passado no presente e seus usos políticos na perspectivação do futuro.

ST 22 - Trabalho, cultura e migrações (Norte, Nordeste e Centro-Oeste).

Coordenadores: Tyrone Apollo Pontes Candido (FECLESC-UECE) e Samuel Carvalheira de Maupeou (UECE).

O Simpósio Temático "Trabalho, Cultura e Migrações (Norte, Nordeste e Centro-Oeste)" tem como objetivo promover o debate de pesquisas concluídas ou em andamento que tratem da questão do mundo do trabalho nas regiões setentrionais brasileiras, desde a fase da colonização aos conflitos do tempo presente. Serão privilegiadas as discussões que articulem a agência e experiência de trabalhadores, livres ou escravizados, em seus ambientes de trabalho, habitação e lazer, seja em cenários urbanos ou sertanejos. Destacam-se também as práticas de convívio social, na criação de espaços de sociabilidade e na cultura popular, perceptíveis através da produção literária e intelectual, dos jornais, da literatura de cordel, nas formações de zonas de contato interétnico, festividades, manifestações de religiosidade popular e tradições orais. O fenômeno migratório, diretamente ligado à experiência de mulheres, homens e crianças, também é foco das discussões desenvolvidas, seja os deslocamentos compulsórios relacionados ao tráfico interprovincial ou atlântico, as políticas migratórias acionadas nos períodos de secas e as expectativas criadas pelo extrativismo, expansão de áreas agrícolas ou industriais em outras regiões.

ST 23 - Saúde, gênero e ciência: debates e perspectivas na história.

Coordenadores: Luiz Alves Araújo Neto (Pesquisador INCA) e Thayane Lopes Oliveira (Doutoranda PPGHCS/COC).

Nas últimas décadas, os estudos sociais dedicados à saúde e às ciências têm se apropriado de importantes discussões desenvolvidas a partir de reflexões sobre gênero e feminismo. Através de diferentes prismas, os trabalhos têm mostrado como a organização de campos disciplinares nas ciências, a formulação de políticas, a formação de profissionais nas áreas científica e da saúde, a experiência individual e coletiva do adoecimento, o desenvolvimento de tecnologias, entre tantas outras pautas, são marcados por assimetrias de gênero e visões normativas da sociedade sobre o feminino. A aproximação entre saúde, gênero e ciência tem aberto novos objetos para a operação historiográfica, tais como: saúde reprodutiva, participação feminina nas profissões científicas, sexualização de doenças, impacto das desigualdades de gênero à saúde. No que diz respeito ao campo específico da saúde, a atuação do movimento feminista na reivindicação por uma ampliação do olhar ao feminino e às suas especificidades está diretamente relacionada à emergência do conceito de “saúde da mulher”. Dessa forma, este simpósio propõe discutir os aspectos políticos, sociais, culturais e econômicos que colocam a saúde da mulher, em sua concepção mais ampla, como centro de disputa e negociação entre diversos atores e instituições. Serão contemplados trabalhos que discutam saúde, gênero e ciência em perspectiva histórica, mas também é aberto o diálogo a trabalhos mais próximos à sociologia, antropologia, saúde coletiva e filosofia.

ST 24 - Ditadura civil-militar brasileira, comportamento e políticas do cotidiano.

Coordenadores: Ana Rita Fonteles Duarte (UFC) e Antônio Maurício Brito (UFBA).

Existe fecunda bibliografia sobre o regime ditatorial no Brasil. Ela é sofisticada, assentada em rica base documental e atravessada por controvérsias. Há diferenças a respeito tanto das explicações sobre o golpe quanto sobre a compreensão da natureza do regime pós-64; não há consenso sobre a terminologia nem a periodização mais adequada para caracterizá-lo; há perspectivas que focam na repressão estatal, diferente de outras que discutem o autoritarismo presente “na sociedade”; alguns trabalhos priorizam as batalhas entre direitas e esquerdas e os embates desiguais entre militares e militantes em organizações clandestinas ou não; outros se debruçam sobre as formas de relação da sociedade brasileira com o período autoritário, num espectro diverso que compreende desde a indiferença até a concordância e a colaboração. Dos indígenas ao movimento negro, novos sujeitos têm ganhado visibilidade. O mesmo ocorre com o uso do conceito/categoria de gênero e a esfera do cotidiano – apenas para citar dois exemplos. As juventudes, especialmente, foram estudadas enquanto sujeitos da resistência, mas já há alguns trabalhos se debruçando sobre jovens de direita. Muitas foram também as formas de arregimentação e mobilização pensadas e construídas pelos agentes do regime junto a grupos como jovens, crianças, mulheres, utilizando-se do monitoramento de ações, instituição de políticas públicas, censura, valorização de modelos de comportamento, pânico moral e outros expedientes a fim de construir sua legitimidade num período marcado pela transformação de costumes, crescimento do feminismo, movimentos de contracultura e desenvolvimento dos meios de comunicação de massa, em especial a televisão. Quais os impactos destas transformações no comportamento dos grupos? Como parcelas da sociedade e os agentes repressivos leram essas práticas? A proposição desse simpósio temático visa acolher trabalhos que tenham como objetivo estudar a complexidade das relações entre o regime ditatorial e o cotidiano dos diferentes grupos sociais brasileiros.

ST 25 - História pública, patrimônio e memória.

Coordenadores: Pedro Telles da Silveira (UFRGS).

Qual o lugar e o papel dos historiadores em um cenário de múltiplos usos e significações do passado? Como as novas formas de atuação profissional e inserção social de historiadoras e historiadores dialogam com os espaços e estatutos atribuídos ao pretérito, por via da memória e do patrimônio cultural na esfera pública? Nos últimos anos, a história pública tem ganhado espaço no Brasil, de modo a articular uma série de iniciativas distintas que compartilham o fato de tratarem da circulação social do conhecimento histórico para além do domínio específico de historiadoras e historiadores. Ao mesmo tempo, o campo do patrimônio cultural tem sido configurado de outras maneiras, desafiando os pesquisadores a conviver com um cenário que está para além da conformação das identidades nacionais. O que está em jogo são memórias e narrativas reivindicadas por grupos subalternos e/ou marginalizados, o imperativo da patrimonialização e as dinâmicas identitárias da contemporaneidade. Um debate dessa ordem ganha fôlego a partir da demanda de rever a postura dos profissionais da história perante as novas configurações do tempo presente. O desafio de pensar as ferramentas e modelos de comunicação historiográfica, os diálogos com as demais áreas do conhecimento e o impacto materializado das produções historiográficas são debates necessários a serem enfrentados publicamente. A partir da convergência entre a história pública, que indica a reativação de passados comunitários, negligenciados e/ou que escapam à história nacional, e o patrimônio, em sua dilatação conceitual para além da "pedra e cal", este simpósio temático visa reunir trabalhos que discutam as seguintes questões: a atuação de historiadoras e historiadores em instituições de memória, centros culturais, secretarias de cultura, na articulação de políticas públicas de patrimônio ou junto à iniciativa privada, a exemplo da memória corporativa; a circulação do conhecimento histórico em espaços alternativos à atuação tradicional de historiadoras e historiadores, como veículos de mídia (rádio, televisão, cinema, jornais impressos), redes sociais, assessoria à grupos e festas populares, além de expressões artísticas das mais variadas ordens; a reflexão sobre o estatuto epistemológico da escrita da história em espaços alternativos, levantando as seguintes: quem escreve história? Onde se escreve história? Como se escreve a história? Para quem se escreve história? Em outras palavras, este simpósio temático busca oferecer um espaço de discussão para o que significa pensar, escrever e fazer história para além dos muros da academia.

ST 26 - Fontes, imaginação e narrativas do passado.

Coordenadores: Carolina Maria Abreu Maciel (UFC) e Jailson Pereira da Silva (UFC).

Sem imaginar é impossível saber, alerta Didi-Huberman (2012). E sem a imaginação, a própria escrita da História não seria factível. Afinal, independentemente das perspectivas teóricas que informam nossa compreensão de mundo, ao fazermos história, precisamos imaginar tempos, gestar passados, idear futuros. Se é verdade que a História, por excelência, é um ato imaginativo não se deve crer que esse gesto percorre os labirintos dos conhecimentos de modos desmesurados e alheio aos métodos. Nesse sentido, um dos elementos indispensáveis à imaginação e à escrita da história é o documento. Muito além de uma voz sussurrada ou um espelho distorcido do passado, o documento é ponto de inflexão em torno do qual o historiador pausa com o intuito de refletir sobre sua caminhada através dos tempos. O documento ‒ e o arquivo, como indica Maria Molder (2014) ‒ incomodam e, portanto, precisam ser enfrentados. Nesse sentido, a proposta de ST intenta reunir simposiastas que, independente de suas linhas, objetos ou fontes de pesquisa, se interessem em discutir o papel que as fontes e os arquivos desempenham em seus trabalhos. Desejamos, particularmente, promover o encontro e a partilha de estudiosos que dedicam parte de seus esforços a indagar qual, historicamente, tem sido o estatuto das fontes e documentos na história. Entre os que arvoram uma tese narrativista e os que afirmam a proeminência inconteste do documento, como lidamos com esses vestígios do tempo que são os documentos? Essa deve ser a questão de fundo que embalará nossas conversas nesse simpósio.

ST 27 - Juventudes, Culturas e Identidades: leituras a partir da História e Historiografia.

Coordenadores: Thiago Reisdorfer (UESPI/Oeiras) e Idelmar Gomes Cavalcante Junior (UESPI/Paranaíba)

A problematização de dimensões da juventude enquanto fenômeno social e histórico tem se tornado uma questão rica no âmbito da academia. Análises sociológicas, antropológicas, educacionais e históricas, aprofundam e complexificam análises sobre esta experiência. Neste sentido, este Simpósio Temático, busca contribuir para o debate de múltiplas dimensões das juventudes na e a partir da História. Se buscamos partir do lugar de historiador, propomos um diálogo marcado pelas possibilidades da interdisciplinaridade, entendendo que as experiências juvenis são plurais, densas, demandando esforços dialógicos que permitirão perceber e analisá-las de maneira mais complexa, favorecendo uma compreensão que ultrapasse as barreiras disciplinares tradicionais. Entendemos aqui, juntamente com Juarez Dayrell (2007), Néstor Canclini (2007), Giovanni Levi e Jean Claude Schmit (1996), que a categoria “juventude” é uma construção social e histórica. Desta forma, pensar a produção desta categoria em diferentes temporalidades e espacialidades, é uma das possibilidades que colocamos para este Simpósio. Pensamos também, no diálogo com os autores supracitados, que o(a) jovem, é sujeito histórico, não apenas uma “fase” ou um momento de “preparação para a vida adulta”. A partir desta perspectiva, propomos debater diferentes experiências juvenis, tais como: movimentos sociais, políticos, culturais; sociabilidades; espaços de aprendizado e formação, escolas, universidades, grupos juvenis; corpos e corporeidades; cultura, cotidiano, cidade, vida rural, políticas públicas, gênero, etnicidades, violência, entre outros. Interessa-nos ainda a possibilidade de debate de questões teóricas e metodológicas pertinentes aos estudos sobre juventudes. Dessa forma, nos colocamos abertos a diferentes trabalhos/experiências acadêmicas que tenham nos jovens e nas juventudes seu olhar privilegiado.

ST 28 - Amazônia, migrações e trabalho.

Coordenadores: Vitale Joanoni Neto (UFMT) e Regina Beatriz Guimarães Neto (UFPE).

Estados da Amazônia, como Mato Grosso, despontaram na segunda metade do século XX como uma das opções mais promissoras do país para expansão do sistema agro produtivo exportador em larga escala, o que resultou em acelerada e expressiva transformação e construção de novas territorialidades. Marcadas por fortes contradições socioeconômico-ambientais, as novas territorialidades trazem indícios, entre outros sinais, da formação de diferentes espaços de vida, que evidenciam, de forma contundente, a natureza contraditória e seletiva de acesso da população às oportunidades de trabalho e melhores condições de vida, geradas pelo processo de expansão da fronteira ocupacional. Este processo, intensificado a partir das décadas de 1960 e 1970, foi desencadeado por Programas Federais e Estaduais de estímulo à ocupação agropecuária nos moldes empresariais, que dotou estados, como os de Mato Grosso e do Pará, de condições para se integrarem à economia nacional, o que foi viabilizado pela implantação de estratégicos eixos rodoviários; implantação de dezenas de “projetos de colonização”, desenvolvimento da pesquisa agropecuária e mecanização das atividades agrícolas. Este contexto político e econômico desencadeou a ocorrência de um forte deslocamento migratório para os estados mencionados, seguido de intensa urbanização. Todas essas transformações foram de fundamental importância para dotar os estados, que compõem a Amazônia, a participarem da dinâmica da atual política econômica mundial, estruturada sob a idealização de processos de macro regionalização e a nova ordem econômica, cuja principal característica é a mundialização comercial. No âmbito dessas transformações, motivadas pelo avanço da fronteira agrícola, destacam-se os movimentos de territorialização e desterritorialização de grupos populacionais relacionados ao jogo dos adensamentos políticos e dos interesses econômicos, o que inclui a recorrência do trabalho escravo contemporâneo.

ST 29 - Os usos políticos dos passados Antigo e Medieval na contemporaneidade.

Coordenadores: Bruno Uchoa Borgongino (UFPE) e Carlile Lanzieri Júnior (UFMT).

Construir explicações plausíveis e éticas acerca do passado humano tendo como base o diálogo com a documentação disponível, seja ela primária ou secundária. Esta é uma das funções primordiais do historiador. Todavia, ao longo da história, percebe-se que a observação de tais premissas nem sempre norteou a construção das narrativas daqueles que tomaram o passado como objeto de pesquisa. Manipulações com vistas à construção de ideologias (muitas vezes preconceituosas e violentas) foram recorrentes, sobretudo em momentos de grave crise econômica e consternação social. Neste início de século XXI, as referidas manipulações ganharam fôlego renovado com a disseminação exponencial das redes sociais. Na esteira desta novidade cada vez mais presente no dia a dia das pessoas, a pós-verdade assumiu condição de protagonista. Escolhida como a palavra do ano de 2016 pelo Dicionário Oxford, a pós-verdade tornou-se uma ferramenta poderosa nas mãos dos que almejam usar (e abusar, evidentemente) o passado. Como não poderia deixar de ser, as histórias passadas na Antiguidade e Idade Média foram colocadas na linha de frente deste intrincado processo que ajudou a criar mitos e mitologias que povoam o imaginário das pessoas mundo afora. Com efeito, acreditamos que cabe aos historiadores e demais profissionais de áreas afins, e aos antiquistas e medievalistas de maneira específica, pedir a palavra a apontar as possíveis razões para que tais manipulações circulem à plena luz do dia, no mundo real e também no virtual. Na literatura, no cinema, na música, na iconografia, nas relações políticas nacionais e internacionais, e em diversos outros campos temáticos, também é possível identificar as diferentes maneiras pelas quais o medievo e a Antiguidade foram lidos e forçosamente ressignificados. Em quase todos os casos, é factível afirmar que o objetivo basilar foi a legitimação de discursos políticos presentistas marcados por perigosos laivos extremistas. Desta maneira, reunir pesquisadores e interessados que queiram analisar as variadas faces dessa questão, assim como as relações de força que a envolvem, é a proposta central deste Simpósio Temático que se apresenta como um dos desdobramentos dos trabalhados iniciados no III Encontro Nacional do Vivarium: conflitos e trocas culturais na Idade Média e Renascimento realizado em junho de 2019 na Universidade Federal de Mato Grosso (Cuiabá). Como já explicitado, tal proposta igualmente se insere no urgente debate por uma História pública que esteja atenta às demandas da sociedade e que traga a proscênio reflexões relevantes que sobreponham o conhecimento a opiniões cuja força inicial logo se desfaz diante de argumentações devidamente fundamentadas.

ST 30 - O passado que não passou: manifestações culturais no mundo contemporâneo.

Coordenadores: Thaís Leão Vieira (UFMT); Miguel Rodrigues de Sousa Neto (UFMS); Dorothée Chouitem (Sorbonne).

Entrecruzando perspectivas, métodos e abordagens, historiadores que optam pela cultura como campo privilegiado de reflexão têm se preocupado em compreender as práticas a partir das quais os sujeitos construíram e constroem suas realidades, individual e coletivamente. Este simpósio foi pensado como espaço para socialização e diálogo sobre os estudos que têm as práticas culturais como objeto de pesquisa. Desta forma, em sua busca de uma compreensão dos processos que contemple os múltiplos sujeitos, os historiadores têm intensificado suas trocas com outras disciplinas. Em muitas das narrativas, as representações apostam na generalização e na homogeneização; quando, vez ou outra, escapam da autoridade dessa narrativa, as diferenças tornam-se visíveis, as práticas vazam, constituindo múltiplos deslocamentos. Pretende-se alocar trabalhos em que as imagens e significações das narrativas hegemônicas sejam problematizadas, reconhecendo a temporalidade performática manifestada pelas narrativas marginais, fronteiriças, tensas e desiguais, refletindo sobre os usos do passado no contemporâneo. Assim, desejamos congregar pesquisadores interessados em socializar seus resultados de pesquisa e, também, dialogarem metodologicamente com outras perspectivas, em especial os Estudos Culturais. Dada a extensão e variedade dos Estudos Culturais, destacamos suas contribuições para o campo da História no debate entre arte e sociedade, cultura e política. Nesse sentido, consideraremos as diversas manifestações artísticas e suas relações de poder, sejam emergentes, residuais, ou hegemônicas nos embates que elas estabelecem no bojo do contexto histórico em que foram produzidas.

ST 31 - História e Historiografia do Patrimônio Cultural: espaços simbólicos em múltiplos olhares e perspectivas.

Coordenadores: Almir Félix B. de Oliveira (PGTUR/UFRN) e Christian Dennys M. de Oliveira (DEGEO/UFC).

O presente simpósio temático tem por objetivo discutir o Patrimônio Cultural, tanto na sua concepção material quanto imaterial, como um campo de pesquisa existente já há algum tempo no Brasil, principalmente a partir das últimas duas ou três décadas. Como campo de pesquisa, podemos afirmar, em lugar de fronteira (mesmo que em seu inicio ocorresse uma predominância dos estudos na Arquitetura) dos conhecimentos científicos ou interconectando diversas áreas do conhecimento das ciências humanas, sociais e aplicadas, constituindo-se assim de múltiplas possibilidades, composto por múltiplos olhares e assumindo múltiplas perspectivas. Nesse sentido este simpósio aceitará trabalhos que busquem pensar/refletir/discutir a história e a historiografia do Patrimônio em nosso país nas últimas décadas, trabalhos que se constituam em pesquisas ou até mesmo em experiências de sala de aula, e que mesmo partindo da História dialoguem com temáticas como a exemplo da educação patrimonial, da preservação e conservação do mesmo ou estabeleçam conversas com outras disciplinas como a Antropologia, Arqueologia, Arquitetura, Turismo, Geografia, Ciências Sociais, Políticas Públicas, Biblioteconomia, Museologia e/ou Geologia.

ST 32 - História e Historiografia dos Sertões em múltiplas leituras.

Coordenadores: Helder Alexandre Medeiros de Macedo (UFRN) e Rosenilson Silva Santos (Doutorando-UNB).

O simpósio temático pretende congregar trabalhos que busquem discutir os sertões como um espaço construtor de identidades e suas múltiplas composições historiográficas e histórico-culturais, isto é, que discutam as narrativas construídas em torno do sertão e, também, as suas fronteiras. Pensa-se os sertões enquanto uma espacialidade específica que, sincrônica e diacronicamente, foi e é objeto demarcatório de velhas e novas fronteiras, em múltiplas escalas, traduzindo-se em diferentes narrativas, suportes e usos do passado e do presente em áreas onde a língua portuguesa, de onde é oriunda a palavra “sertão”, foi levada. É com esta preocupação que aceitaremos trabalhos que tratem das seguintes temáticas: grupos sociais; vivências em função dos vestígios materiais; aspectos arquitetônicos, como “ruínas” e antigas construções e casarios; artefatos dos diferentes grupos em suas vivências nos sertões; leituras do corpo pela lógica disciplinadora, profilática ou higienista; instituições e políticas públicas de intervenção no espaço e natureza; diferentes formas de exercício do poder através dos partidos, dos grupos, dos embates e plataformas políticas; estudos sobre a escrita e ensino da história dos sertões; produção de memórias, biografias e trajetórias de vida ditas sertanejas; representações sobre as qualidades e condições das pessoas que habitavam os diferentes sertões; padrões de assentamento e as estratégias de adaptação ao meio ambiente nos sertões; instituições, intelectuais e os agentes culturais produtores de materialidades e representações sobre os sertões; saberes pautados pela ideia de povo, de nação, de região tais como o folclore e a cultura popular; tradições, crenças, ritos, costumes, práticas e discursos de grupos de identidades diversas; sertões como tema das artes cênicas, do audiovisual e da iconografia; construção dos mitos culturais, imaginário, utopias e distopias sertanejas.

ST 33 - Patrimônio Cultural e os usos políticos do passado no Brasil contemporâneo.

Coordenadores: Antonio Gilberto Ramos Nogueira (UFC); Isabel Guilen (UFPE); Patrícia Alcântara (IPHAN-PI).

O principal objetivo de nosso Simpósio Temático é agregar pesquisas historiográficas e afins que discutam a relação entre Patrimônio, História e Memória tendo como questão norteadora as diferentes apropriações do passado e seus usos sociais no presente. Se o patrimônio é um “aparelho ideológico da memória”, como afirma Jöel Candau (2012), evidenciando o quanto o seu campo é marcado por disputas em todos os âmbitos; também as lutas travadas em seu cerne por usos éticos e democráticos tem se colocado no espaço público como necessárias. O desenvolvimento de estudos no campo tem lançado olhar para os chamados “novos patrimônios” como aqueles consubstanciados por memórias difíceis que conformam os ditos patrimônios dissonantes. Neste sentido, nos interessa refletir sobre os conflitos envolvendo os discursos identitários em torno da (re) construção de referências culturais a nível nacional e local, as disputas envolvendo o estado e diversos grupos sociais a partir da apropriação de conceitos e categorias acionadas pelo interesse difuso em torno do campo dos direitos e obrigações patrimoniais. Dar historicidade às problemáticas que envolve esses contextos e pensar as possibilidades de produção de narrativas históricas tem sido os desafios e as tarefas contemporâneas dos pesquisadores nas lides com o patrimônio. Desse modo, buscamos consolidar a rede de pesquisadores na área temática e produzir subsídios para a formulação de políticas de patrimônio inclusivas, democráticas, plurais e diversas por meio da produção e divulgação de conhecimento sobre o assunto. Assim, convidamos estudantes, pesquisadores e profissionais de instituições de patrimônio e memória, professores do ensino básico e superior de todo o país, para intercâmbio acadêmico, com troca de experiências, apresentação e debate das investigações em curso.

ST 34 - Ditaduras militares na América Latina, transições democráticas e usos políticos do passado.

Coordenador: Paulo César Gomes (UFF); Meize Regina de Lucena Lucas (UFC).

A historiografia encontra-se em um estágio bastante avançado nos estudos sobre os regimes ditatoriais iniciados na América Latina a partir de meados dos anos 1960. Ainda assim, pesquisas inéditas continuam a ser realizadas nas instituições acadêmicas. Isso se deve à análise de acervos outrora sigilosos que são liberados para a consulta pública, a novos olhares lançados para temas que julgávamos esgotados e, também, aos questionamentos feitos ao passado autoritário com base no atual contexto político latino-americano. Já as investigações acerca dos processos transicionais vêm sendo empreendidas sobretudo por cientistas sociais e juristas. Ainda são poucos os estudos historiográficos aprofundados sobre a ampla gama temática que envolve a chamada Justiça de Transição. Nesse sentido, este Simpósio Temático visa acolher trabalhos que abordem em perspectivas multifacetadas as ditaduras militares latino-americanas e seus processos de transição democrática. Nosso principal intuito é desenvolver um espaço para debater questões sensíveis do âmbito da História do Tempo Presente, que vêm sendo evocadas com grande vigor e múltiplas nuances tanto por autoridades governamentais como por grupos sociais da América Latina. Portanto, um tópico central a ser discutido são os usos políticos que vêm sendo feitos do passado ditatorial latino-americano, considerando que vivemos um momento em que há um recrudescimento de práticas políticas autoritárias e, concomitantemente, as narrativas negacionistas estão cada vez mais difundidas, sendo com frequência tomadas como verdade histórica por setores consideráveis da população.

ST 35 - Escravidão negra de origem africana no Brasil setentrional.

Coordenadores: José Maia Bezerra Neto (UFPA) e Luiz Carlos Laurindo Junior (UFOPA).

Implantada na América portuguesa durante o processo de colonização, a escravidão negra de origem africana foi sendo moldada sob semelhantes teias estruturais em todo o território português. O mesmo aconteceu após a Independência, quando foi imiscuída na essência do nascente Estado-Nação, acompanhando quase toda a trajetória monárquica brasileira, em consonância com a dinâmica da escravidão em outras partes do Atlântico. Por outro lado, tanto no período colonial quanto no Império, a instituição escravista variou conforme as especificidades geográficas, econômicas e políticas de cada região. Variou também ao longo do tempo, sobretudo entre os séculos XVIII e XIX, momento de virada entre a escravidão colonial e o que alguns historiadores consideram como uma segunda escravidão. Tendo em vista essas variâncias e invariâncias no tempo e no espaço, no presente simpósio, pretendemos suscitar reflexões e debates sobre a escravidão negra nas regiões atualmente conhecidas como Norte, Nordeste e Centro-Oeste (aqui tratadas conjuntamente como Brasil setentrional). Não obstante a restrição no recorte espacial, o leque de questões e temas aos quais o simpósio está aberto é amplo, abarcando, entre outros, os seguintes: escravidão urbana e rural; escravidão e mundos do trabalho; demografia da escravidão; tráfico e redes de comércio de escravos; família escrava e redes de parentesco, compadrio e amizade; agência escrava nas estruturas da escravidão; escravidão e História Global; autonomia e trajetórias individuais no cotidiano da escravidão; resistência escrava em múltiplos formatos; alforrias e significados da liberdade; emancipacionismo, abolicionismo e Abolição; pós-Abolição. Parte desses temas correspondem às linhas de pesquisa do Grupo de Estudo e Pesquisa da Escravidão e do Abolicionismo na Amazônia (GEPEAM), grupo ao qual o simpósio está ligado e que está aberto às parcerias e aos diálogos inter-regionais.

ST 36 - Ditadura, disputas de memória e o papel dos historiadores no Brasil.

Coordenadores: Thiago Broni de Mesquita (UFPA) e Thiago Rocha de Queiroz (UFAM).

O simpósio tem como objetivo oferecer um espaço de debate e reflexão sobre a produção contemporânea da historiografia nacional dentro do tema da Ditadura Militar. O foco dessa proposta se organiza em dois eixos: O primeiro abrange trabalhos que abordem, dentro de seus recortes, as constantes disputas de memória que seus respectivos objetos contemplam. Por fim, diante da ação cada vez mais presente de revisionismos históricos recheados de incoerências técnicas sobre este contexto, o simpósio abrirá também espaço para trabalhos que apresentem alternativas metodológicas no campo do ensino de História e que contemplem abordagens diferenciadas sobre o tema. Pretende-se assim alcançar tanto as pesquisas teóricas, que discutem as diferentes perspectivas sobre a construção dessas memórias em disputa, quanto os caminhos de ação e problematização que os historiadores contemporâneos e professores de História escolhem para melhor interpretar esses temas. Portanto, além da atualidade da questão e da necessidade, cada vez mais urgente, de estabelecer um ponto comum que contemple os rigores do ofício histórico, a proposta pretende ainda oferecer um espaço de discussão inter-regional, visando colaborar no mosaico de interpretações que alimenta o debate sobre o tema da Ditadura militar no Brasil, sobretudo na região norte e nordeste.

ST 37 - Historia Cultural das Religiões.

Coordenador: André Victor Cavalcanti Seal da Cunha (UERN).

Este simpósio temático se propõe a abrigar pesquisas que elegeram o fenômeno religioso como objeto de estudo. Buscamos fomentar investigações sobre diferentes religiões, religiosidades e espiritualidades a partir da abordagem da História Cultural. Interessa-nos consolidar um espaço de reflexão para debatermos apropriações, representações e práticas do campo religioso. Desta forma, abrigaremos temáticas relacionadas com a constituição da diversidade religiosa brasileira. As Histórias dos mais diferentes segmentos religiosos, tais como: católicos, religiões de matriz africana, evangélicos e espíritas, encontraram aqui uma possibilidade de interlocução.

ST 38 - Historia, Natureza e Cultura: diálogos de fronteiras.

Coordenadores: Kênia Sousa Rios (UFC); Celeste Pinto (UFPA); Edson Ely Silva (UFPE).

O Simpósio se propõe a discutir os TEMAS, METODOLOGIAS E FONTES de estudo relativos à conexão HISTÓRIA, NATUREZA E CULTURA  a partir de um debate que entende o exercício da história na interface com as várias áreas do conhecimento. Pretende-se analisar a constituição de sociedades, culturas e políticas na relação entre humanos e não humanos; os mecanismos que conectam natureza e cultura; e as definições de novas naturezas e novos humanos, sendo a mediação da técnica um elemento da cultura. Entende-se, portanto, que essas interfaces são definidas por, como sugere Bruno Latour, como políticas da natureza.

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